Fonte: Brasil Econômico
Dubes Sônego*
Incentivar o desenvolvimento econômico no entorno da Interoceânica Sul é opção para elevar a receita com pedágio
Líder dos consórcios construtor e concessionário de dois dos cinco trechos da Interoceânica Sul (os trechos 2 e 3), a Odebrecht tem agora outro desafio pela frente no Peru: promover desenvolvimento econômico e social no entorno da rodovia para impulsionar o tráfego de veículos e ganhar mais com pedágio.
Não será uma tarefa fácil para a companhia. Nem está prevista em contrato, afirma Delcy Machado Filho, diretor de sustentabilidade da Odebrecht Peru.
Mas é a alternativa que a Odebrecht tem para expandir a receita que poderá ter com a estrada, no médio e no longo prazos.
No contrato com o governo peruano, estão previstas basicamente duas formas de remuneração, uma para a construção, outra para a operação e manutenção da estrada. No período de construção, para cada trecho entregue, a companhia recebeu um “certificado de reconhecimento de avanço de obra” com uma característica peculiar, a possibilidade de repasse a investidores do mercado financeiro.
Os certificados de avanço de obras são como notas promissórias emitidas pelo governo peruano, com valor pré-fixado, juros e prazo de vencimento.
Com elas, a companhia levantou os cerca de US$ 1 bilhão usados para construir os dois trechos da estrada que lhe cabiam.
Terminada a obra, a Conirsa, concessionária liderada pela Odebrecht, dependerá agora do Pagamento Anual de Manutenção e Operação (Pamo),um subsídio de até US$ 10 milhões por ano, pago em parcelas trimestrais, do qual é descontada a arrecadação com pedágio.
Na medida em que cresce o fluxo de veículos e a arrecadação, cai o volume de dinheiro repassado pelo governo peruano a Odebrecht. Para que a companhia ganhe mais que os US$ 10 milhões anuais, a cobrança de pedágio precisa exceder o valor do Pamo. “O que passar é nosso”, diz Eleuberto Antonio Martorelli, diretor de investimentos da Odebrecht no Peru.
Hoje, porém, os ganhos com pedágio extra parecem distantes.
Circulam diariamente nos trechos dois e três da rodovia, sob concessão da Odebrecht, cerca de mil veículos, nas regiões de Cusco e de Madre de Dios. Com a tarifa de US$ 1,5 por veículo de passeio ou eixo de veículo de carga, é muito pouco para sustentar a operação e a manutenção da estrada, afirma o executivo.
A alternativa é incentivar o tráfego, por meio do apoio ao desenvolvimento de novas atividades econômicas, como o turismo sustentável, a profissionalização da agricultura e da criação de animais, por exemplo.
Hoje, as principais atividades na região são a agricultura de subsistência e o garimpo ilegal de ouro (leia mais na página 8), que paga salário pouco inferior ao de um médico na região, afirma o presidente da província, José Luis Aguirre Pastor.
Para mudar o cenário, a Odebrecht trabalha em uma série de projetos de capacitação técnica e de gestão nas duas regiões, orçados em US$ 7 milhões, afirma Machado Filho, da Odebrecht no Peru – o dinheiro vem do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Se tudo der certo, Filho avalia que haverá outro ganho. O governo peruano poderá se sentir motivado a replicar o modelo na construção de estradas em outras regiões do país, onde o fluxo de veículos é baixo.
Agricultura de subsistência e garimpo ilegal são as principais atividades no entorno da estrada. Extração de ouro paga salário equivalente ao de médico local
Posted on 15 de julho de 2011 por opaymbere
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